alguns exemplos-tipo de mo�ambicanismos:
agorinha | agora mesmo |
babalaza | ressaca |
bichar | formar fila |
chima | papa de farinha de milho, mapira, mexoeira, mandioca |
cronicar | fazer/escrever cr�nicas |
desconseguir | n�o conseguir |
depressar | ir depressa |
estrutura | autoridade, respons�vel governamental |
machamba | campo agr�cola |
machimbombo | autocarro (Portugal), �nibus (Brasil) |
madala | pessoa idosa, pessoa prestigiada |
matabicho | pequeno-almo�o (Portugal), caf� da manh� (Brasil) |
pasta | mala (saco) de m�o |
situa��o | problema, crise, guerra |
dumba-nengue mercado
machamba - quinta
machimbombo autocarro
agora a vida � um pouco normal = a vida normalizou
muito muito (regi�o norte) = principalmente
no fim do cabo = ao fim e ao cabo
nascer meninos = ter filhos (eu nasci tr�s vezes: duas meninas e um rapaz); "nascer", do Xichangana kupsala, significa neste contexto "gerar".
I: frases feitas; express�es figuradas.
quem come amendoim se esquece, mas quem deita as suas cascas n�o (quem comete injusti�as se esquece, mas quem � injusti�ado nunca se esquece). Originariamente da l�ngua Xitswa.
(n�o) bater cem = (n�o) ter ju�zo
fazer trabalho de Marracuene = fazer trabalho em v�o
meter na garrafa: express�o comum entre as mulheres, refere-se aos poderes extraordin�rios que, atrav�s do feiti�o, a mulher det�m e exerce sobre o homem nos dom�nios psicol�gico e sexual.
E: conviv�ncia do estilo formal com o informal no mesmo enunciado ou frase.
os fundos alocados para a execu��o da empreitada (extremamente formal) n�o chegaram, porque comeram o dinheiro (extremamente informal)
A: Como est�? (informal/formal)
B: N�o sei por a�. (formal/marca de respeito)
A: Eu estou bem, obrigado.
B: Eu tamb�m estou bem.
S/C: tra�os sociais e culturais da vida mo�ambicana que n�o ocorrem nos falantes de outras variedades.
pasta = mala (saco) de m�o
chitique (neste m�s o chitique � meu) = sistema rotativo de empr�stimo de dinheiro, sem aplica��o de juros, entre os membros de um grupo social (amigos, colegas de servi�o, vendedores de mercados)
chima (das l�nguas Emakhuwa, Cisena, Cinyungwe) = papa de farinha de milho, mapira, mexoeira, mandioca
nhamussoro (de Cindau) = espiritista que estabelece a comunica��o entre os vivos e os mortos, ou entre quem vai fazer a consulta e os maus esp�ritos
xituculumucumba (do Xironga) (se voc� fizer chichi na cama, vem o xituculumucumba)=pap�o animal imagin�rio com um olho, um bra�o e uma perna que os adultos usam para assustar as crian�as.
cabritismo = corrup��o material (nesta escola reina o cabritismo, que futuro para as nossas crian�as?) sin�doque da met�fora animal em Xichangana, mbuti yija la yingabohiwa kona (o cabrito come onde est� amarrado)
L: diferen�a no uso do item lexical entre o PM e o PE.
depressar = ir depressa (vamos depressar, se n�o perdemos o machimbombo)
agorinha = agora mesmo (n�o vendas este len�o a ningu�m, trago o dinheiro agorinha)
Lc: refere-se � forma como certas palavras tendem a associar-se ou a funcionar na companhia de outras.
tirar dinheiro = financiar (eles n�o querem tirar dinheiro para a reabilita��o da Ilha)
tirar l�grimas = chorar, verter l�grimas
assistir televis�o = ver a televis�o
dar festinhas = fazer festinhas
bloquear a tranquilidade = perturbar a tranquilidade
Ls: itens com significado diferente entre o PM e outras variedades, ou significado adicional por extens�o sem�ntica.
estrutura = autoridade, respons�vel governamental
situa��o = problema; crise (h� aqui uma situa��o); tamb�m = guerra (durante v�rios anos tiv�mos uma situa��o no pa�s)
calamidade = pe�as usadas de vestu�rio doadas para socorrer v�timas de calamidades naturais e da guerra (gra�as �s calamidades j� pare�o uma pessoa, n�o tinha quase nada para vestir). O termo entra na l�ngua Xichangana designando-se xicalamidade , estabelecendo-se posteriormente no PM como "calamidade". Tamb�m, e por extens�o sem�ntica, o termo � utilizado para significar mulher separada, divorciada ou vi�va vivendo com um novo homem.
Lr: linguagem espec�fica de certos actos s�cio-culturais, ou linguagem especializada de determinadas profiss�es ou �reas de actividade.
ter infelicidade (de): refer�ncia � morte de um familiar ou pessoa pr�xima (o professor n�o veio dar aulas porque teve infelicidade do seu pai). A express�o suaviza o an�ncio da morte de entes, que � sempre referida e tratada da forma mais indirecta poss�vel.
moda-xicavalo: um dos movimentos da dan�a majica que os dan�arinos executam de forma semelhante ao trote dos cavalos.
Le: palavra-empr�stimo das l�nguas bantu ou de outras l�nguas.
machamba (empr�stimo do Kiswahili) = campo agr�cola
dumba-nengue (empr�stimo do Xironga) = com�rcio informal � revelia das autoridades. Literalmente significa "confia no p�", quando as autoridades policiais aparecerem. A palavra equivalente no centro do pa�s, por via do Cishona, � tchungamoio, que significa "aperta-cora��o", "faz uso da coragem".
madala (empr�stimo do Zulu para o Xichangana) = pessoa idosa; pessoa prestigiada
mukhero (empr�stimo do Ingl�s, to carry) = contrabando de mercadoria; fuga ao fisco
babalaza = ressaca; efeitos posteriores desagrad�veis depois de se ter bebido em excesso. A origem do termo encontra-se algures entre babalaas do Afrikaans, bubble-arse do Ingl�s e ibhabhalazi do Zulu.
monh� (empr�stimo do(?) Ciyao e do Cinyanja, mwenye=chefe; possuidor de bens). Designa��o do negociante mu�ulmano para o distinguir do baniane (do Gujarate vaniya), mercador e comerciante hindu. A rivalidade comercial existente levou os portugueses a atribuir uma carga pejorativa � palavra.
Ln: cria��o de novas palavras, com origem na palavra-base do PE.
bichar = formar bicha/fila
cronicar = fazer/escrever cr�nicas
desconseguir = n�o conseguir.
agora a vida � um pouco normal = a vida normalizou
------------------------------
Refer�ncias Lopes, A.J., "Mozambican-Portuguese words and expressions. A lexical survey commissioned by Longman" (1979), Longman English Dictionary for Portuguese Speakers , Harlow, Longman ELT, 1980. ____ "The role of prior language knowledge on target language discourse processing", Second LASU Conference Report (Ed. A.Pongweni), Harare, University of Zimbabwe Press, 1987, p. 12-4. ____ "The age of re-discovery: The Portuguese language in Mozambique", Crossroads 4 (1995) 83-7. ____ Pol�tica Lingu�stica: Princ�pios e Problemas, Maputo, Livraria Universit�ria-UEM, 1997. ____ "O Portugu�s como l�ngua segunda em �frica: Problem�ticas de planifica��o e pol�tica lingu�stica". Comunica��o (n�o publicada) apresentada no Curso da Arr�bida, Univ.Lisboa, 1998. ____ "The language situation in Mozambique", Language Planning in Malawi, Mozambique and the Philippines (Eds R.Kaplan & R.Baldauf Jr.), Clevedon, Multilingual Matters, 1999, p. 86-132.
ma entidade ou existem/existir�o v�rias entidades de PM?
Estou confiante que um dia saberemos como tratar melhor estas problem�ticas, fruto de outras experi�ncias, reflex�es e novos conhecimentos a que n�o s�o alheias as oportunidades de troca de ideias e viv�ncias que Congressos como este tornam poss�veis. De regresso ao �ndico transportarei comigo o aprendizado e a partilha que estes dias proporcionaram, e o Projecto vai certamente deles beneficiar.
Sem comentários:
Enviar um comentário