24 Julho 2009 - 00h30

Bombarral: Autoridades ainda sem explica��o para o duplo suic�dio

Deixam testamento e bens embalados

O duplo suic�dio foi premeditado e pensado ao pormenor. Bela Castro, de 54 anos, e a sua m�e, Isabel Maria, de 81, que escolheram morrer decapitadas pelo comboio no Bombarral, na quarta-feira, prepararam a trag�dia e concretizaram-na com sangue-frio que impressiona os pr�prios investigadores policiais, que procuram perceber as motiva��es das mortes. Em casa, a filha deixou tudo arranjado: os bens a distribuir embalados, com uma rela��o como se fosse um testamento.

Bela Maria Martins Castro, natural e residente das Caldas da Rainha, era t�cnica de turismo numa ag�ncia de viagens e a empregada mais antiga da empresa, onde trabalhava h� 35 anos. Estava ausente h� alguns dias. "Era uma excelente colega e estamos chocad�ssimos", afirmou um dos respons�veis.

Pelas 11h00 de quarta-feira, na companhia da m�e Isabel, Bela Castro apanhou um t�xi nas Caldas da Rainha. Dirigiram-se a S�o Mamede. "Quando for a altura de parar eu digo", disse a Jos� Casimiro, o taxista que as transportou. Ficaram no limite da aldeia junto a uma vivenda isolada. "Pagaram 13 euros. Pediram-me um cart�o, dizendo que, se precisassem, me telefonavam para ir busc�-las", contou ontem o taxista. "N�o desconfiei de nada e s� soube o que aconteceu quando a GNR me telefonou."

As mulheres seguiram a p� algumas centenas de metros at� ao parque de merendas de S�o Mamede e, deitadas lado a lado com a cabe�a em cima do carril, esperaram pelo comboio que as viria a trucidar. O maquinista do regional 6415, Mele�as/Caldas da Rainha, foi surpreendido a seguir � curva e n�o p�de evitar o acidente.

M�e e filha n�o levavam qualquer identifica��o. Tinham apenas um papel com um n�mero de telefone (de uma amiga da mais nova) na mala, com a indica��o para ser contactado em caso de necessidade. A amiga garantiu ontem ao Correio da Manh� desconhecer o motivo do suic�dio.

Em casa de Bela Castro ficou tudo preparado como numa despedida. As roupas estavam embaladas e havia uma rela��o de bens a deixar, semelhante a um testamento. Tamb�m esta semana, a t�cnica de turismo foi a um banco passar � ordem o dinheiro que tinha numa conta a prazo. A m�e, no dia da morte, foi vista muito agitada pela vizinhan�a. Mas ningu�m sabe ainda explicar a trag�dia.

PORMENORES

PR�XIMAS

Bela Castro era divorciada e vivia sozinha num apartamento. Teria uma vida desafogada e estabilidade profissional. Isabel Maria, vi�va, morava pr�ximo, em casa de uma irm�.

HOR�RIOS

Na mala estava um folheto com os hor�rios dos comboios da Linha do Oeste. A amiga pode ser a �nica pessoa a ajudar a desvendar a trag�dia.